Mediadores imobiliários contra venda de casas pelos bancos
O presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) diz que os bancosque vendem imóveis estão a concorrer com os promotores e os construtores e prejudicam-se a si próprios.
A Autoridadeda Concorrência (AdC) não detetou indícios de «práticas restritivas da concorrência» na venda de imóveis pelos bancos, depoisda Associação Portuguesa dos Utilizadores e Consumidores de Serviços e Produtos Financeiros (SEFIN) ter denunciado que osbancos financiam em condições excecionais as casas que têm para vender, enquanto dificultam o crédito para as restantes.
Opresidente da APEMIP, discorda: «Quando os bancos vendem um produto com condições únicas estão a ter uma intervenção no mercadoe estão a concorrer e a dificultar o negócio dos promotores e construtores», disse Luís Lima à margem da apresentação do SalãoImobiliário de Portugal (SIL) e Intercasa Concept, e citado pela Lusa.
O responsável da APEMIP considera que a situaçãoé prejudicial para os próprios bancos, já que estes financiam também os promotores e, ao oferecerem spreads mais baixos,«criam instabilidade no mercado» e dificultam o escoamento aos promotores e construtores.
Luís Silva diz que quandoos bancos têm este tipo de atitude podem estar a contribuir para «o fecho de uma empresa, ficando com mais X imóveis». E lembrouque os bancos têm investido neste setor um valor quase equivalente ao PIB nacional (114 mil milhões de euros em crédito àhabitação e cerca de 40 mil milhões em financiamento ao setor da construção e do imobiliário).
Luís Lima sublinhouainda que ao tentar «vender a qualquer preço», os bancos estão também a desvalorizar os imóveis: «não nos podemos esquecerque 74% dos portugueses são detentores de casa própria e, se houver uma desvalorização forçada do património imobiliário,vai afetar todos os portugueses, inclusive o setor financeiro».
Quanto ao tempo que demora a vender uma casa, considerouque varia muito, sendo mais prolongado na periferia das cidades «onde o mercado praticamente desapareceu, porque funcionavapraticamente com crédito a 100%».
A solução, acrescentou, passa pelo mercado de arrendamento, mas faltam condiçõesfiscais.
«Nunca foi tão importante a parte fiscal. Como é que capto um investidor se não lhe disser qual é a segurançado negócio que lhe estou a propor e qual é a rentabilidade? Sem a taxa liberatória não se consegue isso».
Fonte: Agência Financeira