O impacto da crise económica e a dificuldade em obter crédito bancário fez aumentar a procura de casas para alugar, mas
do lado da oferta o mercado continua pouco dinâmico, dizem as empresas do sector imobiliário.
A falta de confiança
dos proprietários e a carga fiscal pesada são, para o presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária
de Portugal (APEMIP), as principais causas que explicam a falta de casas para arrendar.
«A procura aumentou, mas
a oferta não, o problema é precisamente esse», afirmou Luís Lima, à agência Lusa, acrescentando que os preços teriam tendência
para se manter, ou mesmo diminuir, caso a oferta acompanhasse a procura.
O responsável da APEMIP salientou que a
procura não se deve a um maior dinamismo do mercado, mas é essencialmente «motivada pela dificuldade de comprar casa», e reforçou
a necessidade de agilizar o despejo dos inquilinos incumpridores.
«Os proprietários não tem confiança no recebimento
das rendas. Colocar um inquilino fora por incumprimento demora muito tempo. Isso faz com que não haja rendas a preços aceitáveis
e haja poucas casas no mercado».
Mudanças na fiscalidade
Luís Lima pede também mudanças na fiscalidade,
referindo que, enquanto um fundo imobiliário paga 20 por cento de IRS, um particular que queira arrendar a casa «paga entre
25 a 35 por cento e tem ainda de pagar o IMI e o condomínio», além da incerteza de ficar sem receber a renda.
Ricardo
Guimarães, director geral do Confidencial Imobiliário, é mais optimista, sublinhando que o arrendamento surge cada vez mais
como alternativa à compra de casa própria, ainda que motivado pelo clima de crise económica.
Mas destaca duas fases
distintas: se em 2009, houve um claro aumento das rendas devido à maior procura, desde a segunda metade desse ano e até ao
segundo trimestre de 2010, a tendência é claramente diferente, apontando para uma descida no valor das rendas.
«Em
Lisboa e no Porto, temos quatro trimestres consecutivos com as rendas a descer», adiantou o responsável desta empresa, que
produz indicadores de análise do mercado baseando-se nos dados do portal imobiliário LardoceLar.com.
Lisboa, em termos
homólogos, sofreu no segundo trimestre de 2010 uma descida de 1,8 por cento no valor das rendas, enquanto no Porto, a quebra
foi ainda mais acentuada: 4,1 por cento face ao período homólogo, resultando de uma sucessão de quatro descidas em cadeia
em termos trimestrais.
«A dinamização do mercado fez aumentar as rendas, mas com a oferta a crescer esta tendência
acabou por ser contrariada», justificou Ricardo Guimarães.
Segundo os dados que o Instituto Nacional de Estatística
hoje divulgou, a actualização dos preços das rendas deverá ser de 0,2 por cento, depois de um ano de congelamento, para 2011.
Luís Lima insiste no entanto que esse não é o maior problema: «O que era preciso era pôr o mercado a funcionar».
Rendas devem aumentar no próximo ano... mas pouco
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