Clube de luxo empresta carros à semana
Conduzir um automóvel de luxo não é para todos, mas também já não é só para quem os pode comprar. O Clube OverStep, controlado
pelo grupo MGS, tem vários modelos de topo para ceder aos seus membros, sempre que estes queiram usá-los. Tudo o que têm de
fazer é pagar uma anuidade e podem sair ao volante de um Maserati, um Aston Martin ou um Ferrari.
Já se sabe
que as classes mais altas e os produtos de luxo costumam resistir bem às crises. Por isso mesmo, o Grupo MGS resolveu apostar
tudo neste segmento: oferece vários serviços exclusivos a um grupo de clientes da alta e aproveita o facto de se tratar de
um círculo um pouco fechado, onde os contactos pessoais são fundamentais, para fazer o máximo de cross selling.
O Grupo é, na verdade, como uma holding, agregando participações, sempre superiores a 50%, no capital de várias
empresas. Nos seus dois anos de existência investiu 12 milhões de euros e tem participações em empresas de sectores tão díspares
como a indústria (através do grupo Jofebar, de materiais de construção), automóvel (através do Clube OverStep, de carros de
luxo) e vestuário/acessórios (através da Labrador). Um investimento que está a dar frutos, já que a meta para este ano é chegar
aos 36 milhões de facturação, como explicou o presidente do grupo MGS, Pedro Souto, à Agência Financeira.
E se pudesse «alugar» malas, vestidos, jóias ou quadros à semana?
O Clube OverStep é apenas uma parte
do grupo, mas talvez a mais curiosa, já que aplica em Portugal um conceito há muito usado lá fora: os membros de um clube
podem usar os oito carros que o mesmo detém (entre Ferraris, Maseratis, Porsches ou Aston Martins, por exemplo).
«Em vez de comprarem e serem proprietários dos automóveis, os membros do clube pagam uma anuidade e podem usar um dos nossos
carros por uma semana ou duas, por exemplo», explicou Pedro Souto, acrescentando que o Clube, que leva apenas nove meses de
existência, tem já oito carros de luxo à disposição dos seus membros.
«Podemos fazer isto com inúmeras coisas.
Nos EUA, isto já se faz com casas, barcos, vestidos para senhoras, jóias, quadros, carteiras, etc.», sublinha. «Se não se
usa uma coisa destas todos os dias, não faz sentido comprar. Isto, sim, faz todo o sentido».
Mas desengane-se
quem pensa que assim, o luxo fica ao alcance de todos. É que não fica. Os membros deste clube não precisam de desembolsar
centenas de milhares de euros para conduzir um Maserati, mas têm de pagar 3 mil euros de anuidade.
O mesmo
público, outros serviços
Aproveitando uma base de dados de clientes algo exclusivos, o grupo MGS decidiu
apostar também noutras empresas e noutros serviços, onde os contactos existentes pudessem ajudar o negócio. O target
é sempre o mesmo (clientes de gama alta) e o modelo também: encontra uma empresa com potencial de crescimento no mercado nacional
e internacional, adquire 50% ou mais do capital, num investimento a longo prazo e trabalha em parceria com os gestores do
negócio.
Por exemplo, o grupo Jofebar trabalha sobretudo com grandes arquitectos e para grandes projectos, com
elevada capacidade financeira. 80% da produção deste grupo, que participou na construção do Estádio do Valência, da Casa da
Música, da Casa Museu Paula Rêgo e no Estádio do Sporting de Braga, é para exportação.
Na área do vestuário,
o público é, mais uma vez, o mesmo. «Lidamos com pessoas de classe A ou B+. São segmentos, que estão na nossa base de dados
de clientes», explica o presidente. A marca passou de 5 para 8 lojas num ano (uma das quais em Madrid) e tem como meta chegar
às 12 a nível nacional. Depois de atingir essa fasquia, os planos são de expansão internacional e alargar o âmbito para públicos
mais jovens.
«Não queremos ir para as grandes cidades europeias, que estão já muito tomadas. Os mercados que
estamos a analisar são o Leste da Europa, Angola e África do Sul».
Fonte: Agência Financeira