«Nos últimos sete anos desapareceu um terço do mercado, 115 mil trabalhadores e um quarto das empresas do sector», afirmou o presidente da Federação, Ricardo Pedrosa Gomes.
A Federação apresentou em conferência de imprensa um balanço negro do sector em 2009 e apontou para perspectivas pouco optimistas no que toca a 2010. No ano passado, a produção do sector caiu 9%, o pior resultado dos últimos anos e que eleva para 30% a quebra acumulada desde 2002.
Crise em Espanha devolveu milhares de portugueses sem trabalho
O desemprego é o reflexo social mais visível desta tendência negativa. Nos primeiros nove meses do ano passado o sector perdeu 8,8% da sua força de trabalho, o equivalente a 49 mil trabalhadores.
«Nos últimos anos não se notou muito esta perda de postos de trabalho na construção, porque muitos dos trabalhadores encontraram colocação no mercado espanhol. Agora, com a crise do sector no país vizinho, muitos deles tiveram de regressar e estão sem trabalho», explicou o responsável
E a associação teme que este ano a situação se repita e que, no acumulado dos dois anos, se percam perto de 100 mil empregos. Tudo dependerá do segmento das obras públicas, já que o sector privado está em franca recessão.
Construção de habitação está em queda livre
Aliás, o sector da construção habitacional foi o mais penalizado, com um abrandamento de 22%. No final de 2009, este segmento estava a produzir menos de metade do que acontecia no início da década.
«O investimento novo em habitação deverá ter sofrido em 2009 a maior queda desde 1994. O número de fogos licenciados até Novembro representa uma queda de 45% face ao homólogo», explicou o presidente da Federação. A construção de edifícios não residenciais também recuou 17%. Apenas as obras púbicas estão a compensar esta tendência, graças ao pacote de medidas anti-crise adoptado pelo Governo, que passou por um reforço do investimento público, e que deverá ter induzido um crescimento de 5,5% neste segmento.
A Federação prevê para 2010 uma nova quebra da produção do sector, na ordem dos 6%, com a habitação a dar novamente o maior contributo negativo, e a recuar mais 17%. Mais uma vez, deverá ser o investimento público a travar uma catástrofe maior, já que o segmento das obras públicas deverá crescer mais 5%.
OE2010 gera «muita preocupação
«Olhamos para o Orçamento do Estado com muita preocupação. O investimento no âmbito do PIDDAC apresenta uma redução efectiva, pelo sexto ano consecutivo e as infra-estruturas públicas, que se andam a discutir há quatro anos, ainda não estão verdadeiramente em execução», lamentou Ricardo Pedrosa Gomes.
No que se refere às grandes obras públicas, o presidente considera que são necessárias para aproximar Portugal das rotas comerciais e do centro da Europa. Mas o responsável defende também que as pequenas obras, como a reabilitação do parque escolar, devem ser alargadas a outros sectores, como o parque judicial, hospitais, etc.
Sobre o facto de o Governo ter suspenso as novas concessões rodoviárias, a Federação não se mostra muito preocupada. «Foram anúncios feitos na fase pré-eleitoral, por isso nunca as levámos muito a sério, não contávamos com elas. Mesmo que avançassem, nunca teriam grande impacto nestes primeiros anos», admitiu o responsável.
Situação diferente é a das obras chumbadas pelo Tribunal de Contas. A sua paragem significaria, para a Fepicop, mais uma machadada na produção e no emprego do sector.
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